sexta-feira, 6 de maio de 2011

64 - RAW x jpg

Se você fizer uma busca no Google, agora, com o texto “raw x jpg”, conseguirá 69.000.000 (sessenta e nove milhões) de resultados. Discutir sobre os aspectos técnicos de cada “formato” de arquivo seria chover no molhado. Tais informações, com mais ou menos detalhes, seriam dadas pela maioria desses links. O que, a meu ver, deve ficar bem claro é que não se comparam arquivos que tem finalidades diferentes.

O formato raw é de transição. Não se entrega ao cliente uma imagem finalizada num arquivo raw, a imagem gerada deve necessariamente passar por um tratamento. No software Adobe Photoshop Lightroom, por exemplo, temos dezenas de ajustes, de cor à distorção causada pela lente, que podem ser feitos de modo a dar à imagem a aparência que desejamos. O trabalho que o laboratorista tem entre a revelação e a impressão de uma fotografia originada de um filme é feito, na fotografia digital, com um software de edição num computador.

Alguns fotógrafos preferem eles mesmos realizar estes ajustes, outros preferem entregar esta tarefa a pessoas especializadas na edição de imagens. Ambos os procedimentos são perfeitamente válidos. É bom deixar bem claro que quando o fotógrafo opta por fazer a edição do trabalho ele está executando uma função que na fotografia analógica é do laboratorista, esta não é uma função do profissional da fotografia, a checagem final da imagem sim, mas o seu tratamento não.

Feita a edição das imagens elas são salvas de acordo com as especificações exigidas pelo trabalho, o que inclui o espaço de cor, o formato de arquivo (jpg, tiff ou outros) e etc. Por exemplo, se você vai imprimir em papel fotográfico os arquivos deverão estar em quase 100% dos casos no espaço de cor sRGB e no formato jpg.

Resumindo, fotografar em raw demanda um intervalo de tempo posterior ao ato fotográfico para tratamento das imagens. Estudos calculam este tempo em aproximadamente 2,4 vezes o despendido tirando as fotos.

Se gastar esse tempo necessário para o tratamento das imagens não for possível ou não for necessário, você pode fotografar em jpg. Não há nenhum pecado nisso! Nesse caso você deve ter em mente que um tratamento posterior até é possível, mas as latitudes são bem menores. Se você pensa num tratamento posterior grande ou em várias versões com tratamentos diferentes, deve fotografar em raw.

O que não acho correto é “criminalizar” quem fotografa em jpg. Dizer que um fotógrafo “profissional” só fotografa em raw é errado. Os argumentos são os mais variados mas passam, obrigatoriamente, pela afirmação de que o arquivo raw tem os parâmetros de tratamento praticamente em aberto e a gama é muito maior do que o jpg. Claro que tal afirmativa é verdadeira! Mas e se você já ajusta cor, balanço de branco, abertura e etc no momento de fotografar? Lembre-se que na fotografia de alta qualidade com filme os “profissionais” utilizam o filme positivo (slide), que tem uma margem de erro quase nula. É bom ressaltar também que quem acha que não se fotografa mais com filme deve reciclar os seus conhecimentos!

Vários fotógrafos profissionais fotografam em jpg, tanto a cores quanto em P&B. No caso de P&B argumentam que já pensam na fotografia em preto e branco e não estão nem interessados em ver outra possibilidade. Evandro Teixeira, só para citar um exemplo, é um destes. Será que ele não é um “profissional”? Insisto sempre em que você deve experimentar tudo. Não deve seguir cegamente o que outros dizem. Se no final do processo de experimentação você achar que deve fotografar em raw, tudo bem, se achar que deve fotografar em jpg, tudo bem também, o importante é atingir os seus objetivos.

A fotografia é uma linguagem dentre as várias que existem e deve ser utilizada como tal, não se prenda às ferramentas!

O que acontece hoje com a fotografia, e que já acontecia antes embora chamasse menos a atenção, me lembra o que acontece com o áudio: com o aumento da sofisticação dos aparelhos vemos que muita gente é, na verdade, apaixonada por equipamentos e não por música!

Se essa for a sua praia, tudo bem. Só não fique ditando e repetindo “normas” e “regras”!

Na semana passada postei, aqui no blog, duas imagens jpg, uma diretamente do arquivo original e outra regravada 10 vezes. A regravada é a “Alplas-0.jpg”, a segunda. Repare que a diferença existe, mas dependendo da utilização ela não é importante, além disso, a imagem foi regravada 10 (dez) vezes e está mostrada com tamanho de 200% em relação ao original. Além de tudo a imagem está sendo visualizada no monitor e não em papel.

É bom lembrar que os programas atuais específicos para fotógrafos, como o Adobe Photoshop Lightroom, trabalham com edição “não destrutiva”, ou seja, você sempre mantêm o arquivo original intacto e ao exportar o mesmo com as edições você só faz uma (1) regravação.

Experimente imprimir (“revelar” não existe em fotografia digital) seus trabalhos. Uma fotografia só “existe” quando impressa.