segunda-feira, 12 de julho de 2010

57 - E o Dick Vigarista?

Quando, anos atrás, eu dizia que não colocaria Michael Schumacher entre os cinco maiores pilotos da fórmula 1, tachavam-me de louco e cego. As estatísticas desmentiam minha afirmativa...

Bom, agora que passamos da décima etapa do campeonato de pilotos, muitos começam a se questionar e a, pelo menos, refletir sobre as minhas palavras. Quero deixar bem claro que o considero um piloto muito acima da média e com vários méritos, sendo detentor da maioria dos recordes da categoria, mas não posso me deixar levar cegamente pelos números e pelas estatísticas.

Schumacher correu numa época notória pela falta de talentos, ou seja, não tinha competidores. No período em que correu pela equipe Ferrari, nenhum time estava num nível que pudesse oferecer a mínima competição. O único piloto que chegou a lhe fazer frente, embora estivesse num nível mais baixo, era o Rubens Barrichello, piloto considerado por muitos como de terceiro ou quarto nível – opinião que não compartilho – e que era, claramente, o segundo piloto da equipe.

Sempre solicitei aos que discordavam da minha opinião que me mostrassem vídeos onde o Schumacher era obrigado em pista a REALMENTE disputar uma posição com outro piloto e que não levasse a pior, fizesse alguma besteira ou, o que ocorria na maioria das vezes apelasse para a desonestidade, pois bem, continuo aguardando.

E as inúmeras vezes que ganhou posições, e conseqüentemente corridas, nos boxes? Sempre fiquei na dúvida se o campeonato era de pilotos ou de equipes responsáveis pelo abastecimento de gasolina dos carros.

Agora, passada a metade do campeonato, posso me manifestar sem correr o risco de apanhar das viúvas do Michael. Sua equipe não está no mesmo nível das equipes de ponta, dirão os mais fanáticos. Lógico que concordo com tal fato, mas fico pensando no porque de o Nico Rosberg, seu companheiro de equipe, ficar na esmagadora (e bota esmagadora nisso) maioria das vezes à sua frente tanto no grid de largada como na corrida e olha que o Nico Rosberg não está entre os três melhores pilotos da fórmula 1 atual. No grande prêmio de Silverstone a diferença foi humilhante. Será que o carro do Nico é melhor que o do Schumacher?

Poxa, mas o Michael ficou sem correr durante três anos e os carros sofreram muitas mudanças, dirão outros. Por acaso vocês já ouviram falar de um certo Niki Lauda? Ele quase morreu num acidente em Nurburgring em 1976 (já era campeão mundial), recebendo inclusive a extrema unção, voltou a correr no mesmo ano sagrando-se campeão mundial pela segunda vez em 1977. Abandonou a fórmula 1 ao final da temporada de 1979, retornou em 1982 ganhando a terceira corrida de que participou e sagrando-se campeão mundial pela terceira vez em 1984 encerrando a carreira de piloto em 1985. Correu com carros de motores Cosworth V8, BRM V12, Ferrari Boxer12, Alfa-Romeo Boxer12, Alfa-Romeo V12 e Porsche V6 turbo, carros sem e com o efeito-solo (a maior modificação aerodinâmica pela qual passaram os carros de fórmula 1).


Não se esqueçam também – e isto pesa muito para mim – que o Michael Schumacher ganhou na Europa o apelido de Dick Vigarista – alguém sabe quem é? – pela sua notória desonestidade como piloto. Lembrem-se que o seu primeiro campeonato mundial foi ganho jogando para fora da pista o Damon Hill em manobra tão escandalosamente proposital que na própria Alemanha foi mal recebido. Um dos recordes que também deve ser creditado na sua conta é de que foi o piloto que ao longo da história da fórmula 1 mais se envolveu em casos polêmicos e desonestos. Apesar de Fernando Alonso, Sebastian Vettel e Lewis Hamilton (este melhorou muito) não serem exemplos de honestidade nas competições Michael ganha de longe não apenas deles, mas até de Alain Prost. Tal comportamento foi a única característica que ele conseguiu manter neste seu infeliz retorno, vide as situações polêmicas em que já se meteu.

A equipe Mercedes modificou o carro durante a temporada, tornando-o mais longo e mais ao gosto do Schumacher, mesmo assim o Nico Rosberg voltou a andar na sua frente e até o Ross Brawn já cansou de esperar uma reação e está falando em demiti-lo ao final da temporada. Só o Galvão Bueno (aquele da “reta curva”) ainda acha que o “Schummi” está se divertindo muito – até parece que na fórmula 1 equipes gastam milhões de dólares para alguém se divertir – e que quando se readaptar (serão os pneus?) voltará à ponta.

É inegável que Michael Schumacher estava numa situação em que os números e as estatísticas o colocavam no olimpo dos pilotos de fórmula 1, mas mesmo sem discutir os méritos de sua posição fica claro que ele não precisava passar por esse vexame.

PS - Só vou citar três nomes que, na minha opinião – é bom que se enfatize isso –, são os melhores: Ayrton Senna da Silva, James Clark Jr (Jim Clark) e Juan Manuel Fangio, assim mesmo, em ordem alfabética, pois ordená-los em 1º, 2º e 3º não faz o mínimo sentido.

- Estava me esquecendo que o Galvão Bueno também acha – ou, pelo menos, achava – que o “Schummi” é o rei da chuva. Por falar em Galvão Bueno, o seu fã-clube ainda está aceitando inscrições...