quinta-feira, 14 de outubro de 2010

60 - Estava correndo muito?


     Em A Gazeta, pág. 11, sábado, 26 de dezembro de 2009, foi publicada notícia sobre um acidente com motocicleta - ocorrência infelizmente cada vez mais frequente - onde se lê o trecho:

"O ponteiro do velocímetro da Honda XR 250 Tornado MRJ 7757 estava marcando 180 km/h."

     Citações semelhantes são muito comuns no noticiário. Quando digo que tal fato não significa nada, muitos me olham com estranheza, pois a maioria das pessoas ainda atribui uma veracidade total ao que é impresso ou dito num noticiário.

     Não há, no velocímetro, ligação mecânica entre o cabo ou o sistema eletrônico ligado à roda do veículo e ao ponteiro. Este se move impulsionado por um torque gerado por um imã que tem movimento rotativo e uma mola, não muito forte, ligada ao ponteiro o coloca no zero quando o sistema é desligado.
     Num acidente, havendo a ruptura da mola, o ponteiro fica TOTALMENTE SOLTO, podendo parar em qualquer ponto da escala. Portanto o fato de o ponteiro indicar um número qualquer é totalmente aleatório, dependendo apenas de como foi o impacto, de sua intensidade, sua direção, seu sentido e etc, ou seja, NÃO SIGNIFICA ABSOLUTAMENTE NADA.

      A frase citada na reportagem do acidente não foi escolhida por acaso, a revista Duas Rodas especializada em motocicletas fez um teste com a Honda XR 250 Tornado que pode ser lido no endereço:

http://www.duasrodasonline.com.br/teste/testeDetalhes.aspx?id=305
onde consta que a velocidade máxima no velocímetro foi de 136 km/h (corrigida de 122,4 km/h) e que numa pequena descida o velocímetro marcou 142 km/h.

     Concluímos, então, que talvez se fosse atirada de um avião em pleno vôo a alguns milhares de metros de altura a referida motocicleta poderia atingir os 180 km/h que o seu velocímetro indicava após o acidente.

     Portanto quando ler ou ouvir algo do tipo não se impressione e nem chegue a conclusões precipitadas, esclareça às pessoas a realidade dos fatos.
OBS- A fotografia do velocímetro utilizada foi apenas para ilustrar a matéria, não tem a ver com a reportagem publicada em A Gazeta.